Na seção Autógrafo, o Estadão.edu leva dúvidas de estudantes até profissionais com reconhecida atuação no mercado. Na edição deste mês, o tema são as perspectivas da área de engenharia para os próximos anos.
Quem faz a pergunta é Danilo Duarte Costa, de 24 anos, estudante do 2º ano de Engenharia Civil do Mackenzie. A resposta é de José Tadeu da Silva, presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) de São Paulo.
Depois da Copa e da Olimpíada no Brasil, que vão aquecer a construção civil, o mercado pode ficar saturado para os engenheiros?
“A Copa do Mundo e a Olimpíada criam, realmente, uma demanda por infraestrutura e, em consequência, uma pressão no setor de construção civil. Está claro para nós que não é só levantar estádios. Temos que construir estradas, criar uma sólida rede hoteleira, ampliar aeroportos, transporte coletivo, metrô. Porque o mundo inteiro virá para cá.
O importante é que os eventos provocam o poder público para os investimentos. Entretanto, já existe um movimento de aquecimento que não se deve apenas a eles.
O Brasil tem carências em estrutura que não vêm de hoje, mas vive uma realidade econômica bastante favorável. Diante disso, a perspectiva é de que haverá nos próximos anos demanda ainda maior por profissionais de engenharia. Uma saturação no mercado só ocorrerá se a realidade econômica passar por algum evento extraordinário.
Nas viagens que temos feito, percebemos que o mundo fala muito no Brasil. Além disso, em breve sentiremos os reflexos da autossuficiência em petróleo e da exploração da camada pré-sal. A falta de recursos provoca carência em infraestrutura, mas, pela realidade atual, é certo que o País terá dinheiro.
O nosso maior risco, na realidade, é atender a essa grande demanda por engenheiros. Porque hoje não temos condições para isso.
Atualmente, existem cerca de 400 mil engenheiros registrados no Brasil. Formamos, por ano, entre 30 mil e 40 mil profissionais – parte deles no nível de tecnólogo.
Nossa estimativa é de que precisaríamos contar com, no mínimo, 80 mil novos profissionais por ano para atender às necessidades de desenvolvimento do Brasil. Como base de comparação, países como China, Índia e Japão formam de 200 mil a 300 mil profissionais por ano.”