Especialista do IBEC mostra como funciona o mercado e explica porque as oportunidades se concentram nas concessões públicas
O sexto dia de palestras do II Fórum de Engenharia e Arquitetura de Osasco e Região, FENARO, realizado pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Osasco (AEAO), com apoio do CREA-SP, teve como tema a “Engenharia de Custos, Concessões, Claim e Cálculo e BDI”. O assunto foi apresentado pelo Engenheiro Civil Paulo Roberto Vilela Dias, Presidente do IBEC – Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos. Sua exposição concentrou-se num dos principais mercados para os profissionais da tecnologia na atualidade, que são as atividades sob a responsabilidade das concessionárias de serviços públicos.
O IBEC, do qual Vilela Dias é um dos fundadores, é membro representante do Brasil do Conselho Internacional de Engenharia de Custos desde 1981. É a única organização no país que discute a implementação e a regulamentação da engenharia de custos em território nacional, oferecendo desde cursos de curta duração até formação MBA na área, sendo também responsável pela certificação dos profissionais que desejam atuar no segmento.
O engenheiro abriu sua palestra lembrando os benefícios e o dinamismo que o sistema de concessão de serviços públicos trouxe ao país nos últimos 20 anos, diante da ineficiência do Estado como executor de obras. Mas isso provocou uma mudança grande nas empresas de engenharia e para os próprios engenheiros. No caso de uma concessão, o retorno para os investidores é medido através da TIR – Taxa Interna de Retorno. “Uma concessão é uma obra atípica. Deve durar 10, 15 ou 20 anos. A empresa não imagina que começa uma construção e no ano seguinte já está tirando dinheiro. Não. Vai investir muito antes de receber sua parte. Para ter uma ideia, só 10 anos ou 12 anos depois do início do contrato começa a ter lucro. Por isso gente tem que fazer uma avaliação econômica daquele investimento. Todos os custos, ano a ano, todos os investimentos”, explicou.
O sistema permite que o governo economize em investimentos, podendo direcionar recursos para outras áreas, enquanto obtém retorno na forma de impostos. Nos casos de obras economicamente inviáveis para a iniciativa privada, foi então criado o sistema de Parcerias Público Privadas (PPP – Lei Federal 11.079). “São as concessões em que não há viabilidade econômica, onde o governo se dispõe a pagar um valor fixo no custo para estimular a entrada do setor privado”, ressaltou.
Com o aumento das oportunidades para engenheiros e empresas no âmbito das concessões, a engenharia de custos é fundamental para estabelecer os custos e valores dos serviços que serão prestados pelas concessionárias e determinar a taxa interna de retorno (TIR).
Usando como exemplo a concessão das estradas e praças de pedágio, Vilela Dias explicou o processo desenvolvido pelo poder concedente na projeção de investimentos, custos e lucratividade da obra: estudo de viabilidade técnico-econômica, projeção do tráfego e receitas, locais das praças de pedágio, valor da tarifa e modalidade de licitação. “A proposta de preços da concessionária vai acompanhar todo o estudo realizado pelo governo, mas é claro que ela vai fazer seus próprios levantamentos para estabelecer a taxa interna de retorno. Uma taxa interna atraente para a empresa tem que ser maior do que o retorno que ela obteria aplicando no mercado financeiro”, destacou o engenheiro.
Depois de mostrar exemplos de tabelas e planilhas com cálculos da taxa interna de retorno, o engenheiro Vilela Dias reforçou a importância da especialização dos profissionais da tecnologia que pretendem atuar neste campo e concluiu sua palestra destacando, sob outra ótica, também os benefícios que os investimentos das concessionárias de serviços públicos representam para os usuários destes serviços.