O Ministério da Educação (MEC) vai padronizar os nomes de cursos de graduação. Hoje existem mais de 5 mil, o que dificulta definição de parâmetros curriculares comuns e, com isso, a avaliação da educação superior. A proposta é reduzir para 97 nomes. Os primeiros cursos a mudarem serão os das engenharias e das ciências da saúde. A padronização pretende definir parâmetros comuns para o aprimoramento dos projetos pedagógicos. “Existe uma preocupação com a avaliação, porque não tem como enquadrar 5 mil cursos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior”, explica o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Alan Barbiero. Segundo Barbiero, há hoje a possibilidade de instituições burlarem o sistema de avaliação criando nomes diferentes para os cursos.
Nas engenharias serão apenas 28 nomes, em vez dos 258 usados hoje. Os cursos Engenharia Elétrica; Elétrica e Eletrônica; Eletrotécnica; e Elétrica Industrial, por exemplo, passarão a ser denominadas apenas como Engenharia Elétrica. O vice-presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), José Roberto Geraldine, acredita que a mudança é positiva porque deixa claro para o mercado qual é a formação que o profissional de cada área recebe. Ele conta que o conselho recebe solicitação de registro de engenheiros do plástico, por exemplo, e precisa analisar para ver qual título pode dar ao profissional. “Nesse caso, a formação se aproxima mais à Engenharia Química. Mas em outros casos, como o da Engenheiria da Madeira, por exemplo, precisamos dar um título de engenheiro civil, mas restringindo as áreas em que o bacharel pode atuar”, esclarece. A uniformização dos nomes não impedirá a criação de novos currículos. “A proposta prevê avaliação anual dos referenciais para permitir a inclusão de carreiras inovadoras”, explica Barbiero.
UnB
O MEC colocou em consulta pública os nomes que pretende adotar para as engenharias e para os cursos de saúde. Caso sejam aprovados, alguns cursos da UnB terão que se adaptar. É o caso da Engenharia Automotiva e da Engenharia de Energia, por exemplo. A decana de Graduação, Márcia Abrahão, defende que a universidade inovou nessas áreas e que não deve mudar a nomenclatura. “Não queremos que o nosso curso de Engenharia de Energia tenha que se enquadrar na Engenharia de Minas, porque não tem nada a ver”, contesta.
A decana acredita que o MEC analisará as demandas das universidades e adaptar sua proposta. “Pelo o que foi apresentado, as universidades federais não devem ter problemas”, conta Márcia Abrahão. O MEC apresentou sua proposta na 89ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e se comprometeu em aguardar posição da associação para assinar a versão final. As universidades serão incentivadas a aderir à mudança, mas ainda não há definição de prazos. Em alguns casos bastará ajustar os nomes, mas em outros será necessário rever os currículos pedagógicos.
Fonte: Correio Braziliense