Empresários do mercado imobiliário entraram em alerta após ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciar proposta de liberar saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Uma vez que os financiamentos para a compra e construção de moradias do programa Minha Casa Minha Vida são feitas a partir de recursos desse fundo, a possibilidade de faltar dinheiro para trocar esses empreendimentos preocupa os empresários.
Uma pesquisa da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) aponta que o programa respondeu por 78% dos lançamentos e 67% das vendas em todo o país nos últimos 12 meses. “Se prejudicar a habitação popular, o setor da construção civil vai ter uma grande retração na geração de empregos e impostos”, explicou o presidente da entidade, Luiz França.
Para o vice-presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Ronaldo Cury, afirmou que o anúncio do ministro da Economia criou uma insegurança muito grande para os empresários, que precisam comprar terrenos que se transformarão em obras nos meses seguintes. “Tomara que o ministro Paulo Guedes volte atrás”, disse.
Rafael Menin, Co presidente da MRV, maior operadora do MCMV, compartilhou opinião semelhante. “Uma ação do governo federal que possa diminuir a liquidez do fundo não seria boa para o setor”, afirmou. Menin admitiu estar preocupado com a saúde do programa a médio prazo, apesar de informar que os lançamentos e as vendas da MRV estão fluindo normalmente neste trimestre e que a companhia pretende expandir os negócios ainda este ano.
De acordo com apuração do sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o governo estuda liberar os recursos das contas inativas do FGTS, medida com potencial de injetar R$ 22 bilhões na economia. O governo justifica afirmando que a iniciativa dará ânimo à economia sem prejudicar o uso dos recursos como fonte de financiamento para a construção civil. O valor que poderá ser liberado representa menos de 5% do estoque de recursos do fundo, que totaliza R$ 525 bilhões.
Já para os empresários, a comparação está errada. Segundo nota técnica do Sinduscon-SP, novos saques poderiam levar a uma redução do orçamento para investimentos a partir do próximo ano, pois apenas R$ 112 bilhões do fluxo de caixa do FGTS estão disponíveis para investimentos, como moradia e infraestrutura. O MCMV fica com cerca de metade desse montante (R$ 55 bilhões) e R$ 32 bilhões respondem por reserva legal.
Último a saber
A proposta de mudança no FGTS não foi mencionada nas últimas reuniões entre membros do governo e representantes de associações do setor. “Estamos em contato constante, mas o assunto ainda não tinha vindo à tona. Ficamos perplexos”, mencionou França, da Abrainc, sobre o anúncio de Paulo Guedes.
Há duas semanas, declarações do governo sobre a intenção de alterar as regras do MCMV também não foram discutidas com as construtoras que atuam no segmento, o que também provocou surpresa para o setor.
Com informações do Portal R7